quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

"Entre o Amor e o Odio" - MATERIAL DE IMPRENSA


Texto extraído do capítulo 7
Diamantes no Lodo

O tapete que forrava o chão por onde ela passava, era feito de gravetos e folhas mortas caídas das seculares árvores. Ao serem esmagadas pelos pés femininos, ocasionavam um eco diferente do silêncio daquele estradinha tosca. No caminhar vagaroso, cada passo se assemelhava a notas musicais, que juntas ensaiavam uma triste canção.
Na infância, a moça passara diversas vezes por ali. Seguindo mais uns minutos, chegaria a uma clareira, onde de uma enorme pedra era possível observar toda a cidade.
Em uma tentativa inútil de resgatar o tempo, Bruna se vestira como quando era menina; um vestido com fundo claro, estampado com flores miúdas.
Sentou-se sobre a grande pedra do mirante, muita disputada nos fins de semana pelos turistas, felizmente vazio naquele momento e deixou o pensamento expandir, tomando conta da mente.
Rafael e Josie noivos! O mocinho rico unido a linda donzela da alta sociedade. Perfeito!
Talvez aquele relacionamento contentasse a cidade. Com certeza, o casal não era assediado por fofocas e intromissões, como ocorrera no seu caso.
Que mal havia no fato dele ser rico e ela pobre? Ou teria acontecido algo mais?
O enxame de indagações lhe atordoavam. E não podia estar se incomodando, não o amava mais, crera em um sentimento unilateral, que talvez nem tivesse existido, ou existiu?
_ Não _ afirmou em tom invariável, como que a negar o próprio fluxo de pensamentos.
Direcionou os olhos para a cidade lá embaixo, alguns carros cruzavam as ruas e pessoas seguiam em direções opostas.
Fôra para aquele lindo lugar, com a intenção de permanecer horas intentando a paz. No entanto, uma inquietude conhecida, embora esquecida, de algo por acontecer, a engolfava feito uma gigantesca onda. No passado, Deus mostrava coisas para ela, mas este dom perdera-se há alguns anos.
Estava uma manhã quente. O sol jorrava luz sobre a paisagem e de vez em quando uma brisa mais forte carregava longos fios ruivos para o alto.
Aquela imagem delicada chamava a atenção de alguém, que preferira ficar incógnito.
Bruna, alheia a seu observador, retirou caneta e papel de sua bolsa e começou a escrever nova poesia.
Dedicou mais de uma hora à sua atividade reconfortante e só parou quando passos masculinos marcaram o chão. Ela levantou os olhos, curiosa.

 
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